Márcia Mascarenhas
Todo dia que acordo
Abro a minha janela
Para ver nascer o sol
Que fica a minha espera
Preu poder contar de novo
A historia de meu povo
A ecoar em cantinela.
Todo dia que acordo
Vejo a cidade nascer
Cada povo uma história
Cada historia a tecer
Enrolados numa teia
Participam da ceia
Que é o ato de viver.
Todo dia que acordo
Vejo tribos e etnias
Desde a barraca da Rosa
Ao bazar do Ananias
Tudo ferve a mistura
E ligados pela cultura
Tecem as minorias.
Dona Rosa, era homem
Agora é uma mulher
Na verdade ela pode
Ser o que bem quiser!
Se não tá satisfeito
Pode ser de outro jeito
Só não o que lhe impuser.
Seu Ananias trabalha
Para as filhas estudar
Quer que todas se formem
E passem no vestibular
Ana quer se doutora
Bia entrevistadora
Pra historias poder contar.
Zeni, a moça do lado
Tem a sua religião
Veste branco toda sexta
É a sua tradição
Já Junior, o filho dela
Casou com Zé Cabéla
E com ele tem Bastião.
No meio da ladeira
Vive uma tupinambá
Parece uma estrela
O nome dela é Tainá
Escolheu vim pra cidade
Pois trabalha até tarde
E queria estudar.
E isso não a faz menos
Indígena do que já é
Ela tem sua tradição
Se orgulha de ser mulher
Do seu povo tem amor
Luta com muito fervor
Pra manter a sua fé.
No meio da ladeira
Vive uma tupinambá
Parece uma estrela
O nome dela é Tainá
Escolheu vim pra cidade
Pois trabalha até tarde
E queria estudar.
E isso não a faz menos
Indígena do que já é
Ela tem sua tradição
Se orgulha de ser mulher
Do seu povo tem amor
Luta com muito fervor
Pra manter a sua fé.
Todo dia que acordo
A rua acorda também
Repleta de colorido
Recebendo aos que vem!
Recebendo aos que vem!
A diversidade pulsa
E intolerância é expulsa
Pros quintos do além.
E sobre minha pessoa
Não importa aqui falar
Vivo de escrevencas.
Protagonismo tem que dar
A todas as diferenças
Mostrando as evidências:
Que é o desejo de amar!
E o sol vai indo embora
Com o tardar do dia
Já contei a história
Do povo que me arrudia
Ele agora foi dormir
Pra amanhã voltar a ouvir
Toda minha cantoria!